LÊEVITAR

Lia Petrelli
Nov 5, 2020
Fotografia por Giulia Borducchi

Gotas de sol arrebentam frestas.
Misto-sensação de enorme má feitoria estupefata.
Palavra lida é nada sem som.
Precioso ler em voz alta.
Como seres marinhos, se comunicam
ao som do silêncio

devolva-me o cheiro…………………………………..nostalgia começa por aí.

Aos poucos me engulo só. Tenho aqui saudade imensa. Não sei mais se existi.

Tão feroz.mente distante alcança sim pêlos pensamentos
discretas cores — sol que abraça — todo quê sente.
Cheguem mais perto; ao descabê-lo
preciso contar coisas do amor,
apalpar vento gritante.

Sei bem, escuta: pelo ar comunico
impossíveis murmúrios,
sóbrios sombrios muros
memória estraçalhada

São olhos que dizem coisas.
Aperto no peito, aos poucos, desfaz nós.
Viver rodeada de sentimentos abre dor feito facão, mata fechada.
De repente a autodestruição faz sentido —
em momentos, ver futuro é impossível
não somem fantasmagóricos estados de autossabote.

aprender a viver no que se vê machuca

Farfalhar do que acredito

Escrever é contrário a guardar _ às
pessoas todas querem ter razão, mas sequer existem:
caso sim,
não haveria necessidade de provar.
Não desfrutar de imagens-algodão soa estranho

Como trens desgovernados, mau-explicado presente,
nos preocupamos com poderà vir, negligenciando o próprio agora
— que nunca sai, que nos convive diapósdia
na terrível eminência de lidarmos com quem somos.

recebo de mim escutando as janelas:

a melancolia me bate os ossos
dura, como em car-ne-vi-va

o complexo

coisa nenhuma
a não ser corpo

nada nas entranhas (saber disso é muito
………………………e o nada vêm, do verbo nadar)

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Lia Petrelli

ig: @liapetrelli | artista em fluxo de consciência: compreendida, palavra vira imagem | liapetrelli.com.br